10.27.2010

room service - mia lourenço.










Já foi modelo. Agora é designer (e uma das proprietárias) da marca Os Burgueses.

Mia Lourenço é uma eterna apaixonada por Londres. Apesar de viver em Lisboa, a capital inglesa continua a ser viagem obrigatória todos os anos. Já foi morena, agora é ruiva. Estudou Artes antes de seguir Design de Moda, o que lhe permitiu uma maior abertura. Já foi conhecida por Marina, agora é Mia. No ingresso para entrar no Ensino Superior, encostou a vida à parede com apenas uma opção: a licenciatura em Design de Moda, na Faculdade de Arquitectura. “Se entrasse, entrava, se não entrasse, não entrava”, conta. E entrou. Nós não resistimos e fomos atrás dela espreitar as suas histórias e, claro, o seu quarto.

Há pouco estavamos a falar de nomes, podes explicar-me de onde vem o teu Mia? O meu nome é Marina e sempre tive problemas com ele, porque nunca o diziam correctamente. Era Maria ou Mariana, onde quer que fosse nunca era Marina. Houve entretanto uma altura em que eu e o meu sócio decidimos que tinha de mudar de personalidade...pintei o cabelo e passei a identificar-me como Mia, juntando a primeira letra do nome, a vogal do meio e a última.

Fala-me então desse projecto de que fazes parte, Os Burgueses. É uma marca de roupa feminina e masculina e estamos neste momento a fazer a colecção de Verão. A marca existe há um ano, mas o projecto já vem do meu sócio há muito, muito tempo.

O teu sócio é... O Pedro Eleutério.

Exacto. E estudaram juntos, não foi? Sim, no curso de Design de Moda da Faculdade de Arquitectura. Nunca tínhamos trabalhado juntos até então e eu entretanto fui para Londres estudar e à procura de trabalho. Estava a adorar o curso lá, mas não conseguia arranjar emprego...

Qual foi o curso? Estava a fazer uma pós-graduação em Design de Sapatos, que é uma área que eu adoro. Achei por bem formar-me em mais alguma coisa, até porque na Faculdade de Artquitectura não há formação em calçado.

Voltanto à história, não conseguias arranjar trabalho em Londres e... E um dia estava a falar na Internet com o Pedro e ele disse que tinha um projecto para me apresentar. Quando regressei a Lisboa, ele apresentou-me o projecto e arranjámos logo um atelier em Alcântara. As coisas começaram à andar, mas só arrancaram mesmo no Spazzio Duo, na Av. da República.

Que é o sítio onde têm ainda hoje o atelier. Exacto. Apresentámos lá a primeira colecção, a segunda e é onde vamos apresentar também a terceira.

Porquê 'Os Burgueses'? O nome 'Os Burgueses' surgiu pela música da Madonna 'Music', que fala sobre os burgueses e os rebeldes, e nós deixámos os rebeldes de lado e ficámos só com os burgueses.

Pois…e é daí que nasce o conceito de ópera, certo? Tem a ver com a forma como nós pensamos e criamos as colecções: existe sempre uma história. Não conseguimos criar do nada, temos de criar um enredo. E daí evocarmos a ideia de óperas, tanto que as nossas colecções são denominadas em actos. A primeira foi o Primeiro Acto, depois a de Inverno, o Segundo Acto, e agora a de Verão é o Terceiro Acto. E nesta continua a saga de Jane Doe, que é personagem do Primeiro Acto.

Acho que com um conceito assim, a marca ganha muito mais força... E coerência também! Há toda uma história por trás e nós vibramos com isso. Estes actos correspondem até aos momentos da nossa vida, minha e do Pedro. O Primeiro era a identidade desconhecida, o Segundo falava sobre dupla personalidade, o que vai beber um pouco da dualidade da marca e o próximo terá a ver com relacionamentos.

Fala-me agora um pouco do teu quarto. O que representa para ti? Neste momento é a minha divisão favorita da casa. Eu trabalho das 10h às quatro ou cinco da manhã...portanto, é o meu refúgio, é onde venho descansar, nem que seja uma hora!

Como é que gostas de decorar o teu quarto? A decoração é importante para ti? Acaba sempre por ser importante, sim, também porque é um pouco a minha área - a estética.

Qual foi a tua última aquisição para o quarto? Uma garrafa de Coca-Cola em alumínio do Karl Lagerfeld. Comprei-a na última viagem que fiz a França.

Estavas a dizer há pouco que adoras sapatos ou, pelo menos, o design de sapatos...é uma obsessão? É um vício! O meu pai chegou a proibir-me de comprar sapatos. Para além da roupa, os sapatos são mesmo a minha perdição...

Qual é a tua marca favorita de sapatos? Bom, sem contar com aquela que eu não posso comprar, os Melissa são os meus favoritos.

Porquê? Pelo conforto, design...acho genial a ideia de usar o plástico para criar sapatos tradicionais; adoro a questão do cheiro, porque por mais que andes descalça, continua a ter aquele cheiro característico.

Preferes saltos altos ou rasos? Uso tudo! Mas é também por fases. Claro que um salto alto é sempre um salto alto, mas como sou muito alta, há situações em que me incomoda.

Quanto é que medes? Estou com 1,78m...quase um metro e oitenta!

Como era o teu quarto quando eras pequena? Era cor-de-rosa bebé, tinha uma cama com um gavetão enorme por baixo, cheio de brinquedos. Tinha a minha enorme colecção de Barbies…aliás, ainda tenho, ,as está guardada...

Espera...fazias colecção de Barbies? Mesmo a sério? Sim! Tenho as originais, ainda com a roupa. Os meus avós davam-me dinheiro e eu juntava para comprar quando fosse a Espanha, onde eram mais baratas.

E qual é a tua Barbie de eleição dessa colecção? Uma que o meu pai me trouxe a primeira vez que foi a Paris, que é a Barbie que tem o meu nome, Marina. É a amiga da Barbie, nada tradicional, morena, pele bronzeada…

Bonecas àparte, onde é que te vês daqui a...dez anos? Eu gosto muito de viver cá, é certo, mas não me importava de trazer um pouco de Londres para Lisboa. Sou apaixonada por Londres e adorava viver lá. Vou quatro e cinco vezes por ano, acho que é uma cidade fantástica!


© photography Sara Gomes
© text Carolina Almeida
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