7.08.2011

room service - hélio morais.









Hélio Morais, da banda PAUS, rege-se pela lei da música e o som que dita as suas regras é o dabateria. É assim desde os 13, mas a paixão pelo instrumento ainda é mais antiga. Os culpados? Os Europe.

Hélio deu o primeiro concerto há 14 anos, com uma banda de trash metal chamada EMIST e depois desse, muitos outros se seguiram nos diversos projectos musicais em que esteve envolvido, sendo os mais recentes Linda Martini, If Lucy Fell e PAUS. Quando não está de baquetas em punho, dedica-se ao agenciamento e produção na editora Enchufada. Fomos conhecer o quarto do Hélio e descobrimos que sofre do síndrome dos bateristas: método e organização extrema.

Como encontraste esta casa tão original? Foi amor à primeira vista?
Encontrei-a num site normal de pesquisa de habitação. Foi a segunda casa que visitei quando comecei a pesquisa e quis logo ficar com ela. No início, não tinha bem a certeza se lhe achava piada por ser tão kitsch ou se gostava genuinamente dela. Tinha receio de me fartar dela, por ter uma personalidade tão vincada. Hoje sei que gosto de cá viver.

Como é viver numa casa com paredes forradas a cortiça?Uma das vantagens é que podes pendurar qualquer coisa em qualquer lado muito facilmente, diria eu...
Sem dúvida. Já o fiz várias vezes. Na verdade, as contas que estão por pagar, ficam penduradas na parede, para dar de caras com elas e não me esquecer. Outra das vantagens e por incrível que possa parecer, é que a temperatura da casa, está sempre óptima. É fresca no Verão e quentinha no Inverno. Perfeito! A parte chata é que não posso usar cores muito escuras, ou daria em louco. Sofás, roupa de cama, cortinados, etc., têm que ser sempre brancos.

Fala-me um pouco do teu quarto. O que gostas mais nele?
Gosto do facto de ter uma janela, ainda que dê para a sala. Gosto do facto da cama ocupar a sua quase totalidade; dá-me a falsa ilusão de ser enorme (a cama). Gosto do facto de ser fresquinho no Verão e por isso não me obrigar a ter um borrifador na mesinha de cabeceira. Gosto do candeeiro que habita nessa mesma cabeceira e que foi prenda do designer que fez o artwork do último disco de If Lucy Fell. Gosto da foto do meu cão. E gosto dos bilhetes das pessoas chegadas que lá estão pendurados.

Está tudo tão organizado, até as roupas guardas por cores! Alguma obsessão pela organização? Disseste-me que era um pouco "defeito" de baterista...
A bateria é o pior instrumento para se tocar, em termos logísticos. É só ferros que se montam e desmontam a cada concerto. Peças minúsculas que desaparecem misteriosamente. É pesado como tudo. Enfim...é a coisa mais mal jeitosa de sempre. A única maneira de contornares decentemente esses problemas, é seres metódico e organizado. Talvez isso passe depois para as outras coisas. Mas basicamente, acho que sou muito organizado por ser desorganizado. Passo a explicar...não gosto de arrumar, como de resto, quase ninguém deve gostar. Mas não gosto de ver as coisas desarrumadas. Por isso, a melhor maneira de controlar isso é ser metódico. Assim, acabo sempre por conseguir manter a casa arrumada.
Quanto à questão das cores, acaba simplesmente por ser uma maneira de me divertir a fazer uma coisa que é uma seca. Mas sim, sou um pouco obsessivo.

Como e quando é que a música entrou na tua vida e se tornou na tua grande paixão?
Apaixonei-me pela bateria quando vi o primeiro video dos Europe. Havia um plano em que focavam o pedal do bombo e fiquei apaixonado. Mas só mais tarde, com 13 anos, é que comecei a tocar bateria. Jogava à bola em frente a uma igreja protestante. Na altura, o método de evangelização daquele que foi o meu padrinho de fé, era aliciar os "miudos do ringue" com aulas de instrumentos. Começámos a falar e partilhávamos os dois o gosto por Metallica. Um dia perguntou-me se não queria aprender a tocar bateria na igreja e acabei por aceitar. Fui por isso protestante, até aos 18 anos. Depois tornei-me agnóstico. Hoje em dia, não sei o que sou. Acredito que consigo fazer as coisas a que me proponho, essencialmente.

Além de bateria tocas mais algum instrumento?
Toco uma série de outros instrumentos - para mim, para poder compôr as minhas coisas mais pessoais e que não mostro a ninguém. Se toco bem algum outro instrumento? Não!

Aqueles papelitos e fotos pendurados ao pé da cama têm ar de ser especiais...podes dizer-nos o que são?
São especiais e não são. No dia em que decidi pendurá-los, fi-lo porque os senti especiais. Por isso, são especiais porque um dia o foram, ainda que alguns deles possam ser meras recordações, nos dias de hoje. Não dou valor ao papel em si, mas ao que ele me reporta. Tenho a folha de gravações do primeiro disco de If Lucy Fell, por exemplo. Tenho bilhetes fofinhos de pessoas que estimo muito, fotos do meu cão, bilhetes de sítios que visitei em par, etc.

No teu quarto não dispensas...
Uma cama.

Qual o género musical que dirias que mais representa a tua vida até agora?
Rock. Genericamente falando, rock. Gosto de muita coisa...


© photography Sara Gomes
© text Carolina Almeida
for



.

Sem comentários:

Enviar um comentário