10.14.2011

room service - cláudia efe.










Fomos encontrar a sorridente Cláudia Efe na varanda, entre os seus inúmeros cactos, impecavelmente jardinados e de nomes impossíveis de pronunciar.

A voz dos Micro Audio Waves perde-se a falar nestes estranhos seres e o entusiasmo denuncia-lhe a grande paixão. Mas na visita ao seu luminoso quarto, não faltou tempo para falar da incursão pela pintura, do fascínio pelo desenho, a escrita, as canetas, os blocos e o portátil; da sua preferência pelo branco e da forte atracção pelas roupas. Afinal, estamos a falar da musa do designer Ricardo Preto, que nesta última colecção assina também alguns dos prints, além da já habitual banda sonora do desfile.

É impossível não começar esta conversa pelos teus cactos. Como descobriste esta paixão?
Começou há alguns anos. Os cactos são seres muito estranhos, muito resistentes e esquisitos. Parecem uma coisa do outro mundo, têm uma espécie de lado alienígena. Então comecei a não conseguir resistir-lhes! E como tinha esta varanda, que apanha imenso sol, falei com o meu amigo Miguel Folgado, que faz muitos jardins, e ele ajudou-me. Também comecei a investigar na Internet, a ver os sites coreanos, que são incríveis...

Uau...isso é que é incrível!
...sim, são mesmo óptimos! Ando sempre por lá à procura de fotos, a escolher quais gosto mais. Tenho aliás uma pasta no meu telemóvel só para fotografias de cactos. É como uma lista do Pai Natal! E depois vamos ficando mais exigentes, claro, tendo em atenção a cor do cacto, a flor que dá...

E deixa-los sempre na rua ou também levas alguns para o quarto?
Há alguns que coloco dentro de casa. No quarto, gosto de fetos e das Calateias, os que parecem que foram pintados por dentro. Tive um, mas depois não se deu bem. Agora, tenho um que se chama Hastes de Viado.

O que representa para ti o quarto?
É bastante importante. É uma das minhas zonas favoritas numa casa.

Porquê?
Porque é onde estão as roupas! (risos)

Como eu te compreendo...
E, neste caso, como não tenho roupeiro e o quarto é muito pequeno, dá para fazer a decoração com a própria roupa. Aproveito sempre a roupa e os acessórios para decorar o quarto e fazer ambientes com chapéus, lenços, casacos...

Sim, é uma óptima ideia!
E gosto também muito de lençóis e roupa de cama. Tudo em branco!

É fácil ver que és uma grande fã do branco.
Fiz uma experiência o ano passado com uns lençóis cinzentos, meio acetinados. Até gostei da cor, mas não tanto do material. Fica bonito, mas depois...hum...

Porquê esta preferência pelo branco? Transmite-te algo em especial?
Não, é um lado muito prático. Não tenho de estar à espera de ter roupa da mesma cor dos lençóis para lavá-los. É meter na máquina e já está! Mas também escolho o branco por causa da luz que dá à cama; e dá-nos aquela sensação de meninice.

O que não dispensas no teu quarto?
Uns livrinhos à beira da cama, a luz, as fronhas, a textura dos tecidos da cama, os detalhes, as brincadeiras...é como contar uma história, não é?

Gostas de contar historias?
Sim, desde pequena que gosto de contar histórias através das coisas. Se encontrar uma carta no chão, trago para casa, faço pequenos altares, com detalhes, gosto dessas coisas...quando era pequena tinha uma estante onde fazia grandes instalações com os Legos, os brinquedos e criava as histórias.

Também sei que gostas de escrever, mas não só músicas, certo?
Sim. Tenho um bloco de notas no computador que se chama o “Amor Tractor” e é onde colecciono tudo. Já tem anos! Escrevo os meus sonhos, coisas que me passam pela cabeça, que me inspiram, que os outros dizem...

E usas esses retalhos?
Claro que sim! Uso tudo. Para tudo.

Tens algum objecto que consideres especial no quarto?
Não sei, estas coisas da tecnologia... nós depositamos ali tudo. Por vezes, ponho-me a pensar: se me acontecesse alguma desgraça, qual o objecto que eu pegaria primeiro? Talvez fosse o computador, mas também os meus blocos e canetas...

Tens tantas e de tantas cores. Desenhas também?
Sim! Aliás, eu comecei pelo desenho. Queria ir para pintura. Mas depois perguntavam-me “quanto custa?” e eu pensava “sei lá, não tem preço. É meu!”. Sou uma pintora muito em privado!

Mas és também uma musa muito em “público”, do designer Ricardo Preto. Não te incomoda que se utilize esta palavra?
Não. Musa, gosto, diva é que não tanto. Tem um lado mais caprichoso, que não é nada o meu género. Comecei a fazer as bandas sonoras para os desfiles do Ricardo, em colaboração com alguns DJ's. Mas há duas temporadas que fiquei sozinha nessa tarefa. Para esta última colecção, de Primavera/Verão 2012, fiz também alguns prints a pedido dele.

© photography Sara Gomes
© text Carolina Almeida
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