11.03.2010

room service - joão pombeiro.









Foi bailarino clássico durante dezassete anos, mas entretanto decidiu entregar-se à sua outra paixão: a moda.

Nasceu em Lisboa, mas cresceu e estudou em Leiria. Sem nunca o ter desejado ou imaginado, deu os primeiros passos como maquilhador e seguiu, depois, para a área com que sempre sonhou – o styling. Recentemente acrescentou a esta profissão a de booker, numa agência de modelos. Durante todo este percurso, houve sempre um denominador comum, que o acompanhou para todo o lado: a obsessão por revistas de moda. Sejam bem-vindos ao quarto de João Pombeiro.

Há quanto tempo é que vives nesta casa? Há dois anos.

E foi sempre aqui o teu quarto? Não, antes estava no quarto do outro lado, que agora se está a transformar num closet.

Um closet só para ti? Não, para mim e para a Mariana, a minha melhor amiga, com quem partilho a casa.

Pela secretária e televisão, deduzo que passas muito tempo no quarto... Sim, quando estou em casa estou praticamente sempre no quarto, a trabalhar. Arranjei maneira de criar aqui uma mini-sala, com a televisão. É que, ainda por cima, também fumo no quarto...sei que é mau, mas é verdade.

Como descreverias o teu quarto em poucas palavras? Não sei, o quarto por si é confuso em termos de decoração e de pormenores. Tem muitas coisas. Basicamente, não existe uma linha de estilo, porque é uma mistura de coisas e objectos que vou adquirindo ao longo do tempo, nas minhas viagens, etc. Tem é muitas revistas e livros, porque sou completamente viciado.

Sim, são tantas! Mas já lá vamos. Há pouco dizias que gostas de quartos cheios... Sim, muito cheios, com muita coisa mesmo.

...és portanto um pouco anti-minimalismo? Nos quartos, sim. Sobretudo porque acho que o minimalismo não é funcional. Gosto de ter tudo perto. Como trabalho muito aqui, tenho de ter tudo à mão: as revistas de moda, os livros...é mais fácil assim.

Fala-me então dessa paixão pelas revistas. Quantas compras em média, por mês? Hum...não sei, mas abuso. Compro à volta de dez ou quinze revistas por mês.

É vício mesmo! Estão espalhadas pelo quarto todo... Na casa dos meus pais ainda tenho mais, que não dá para ter aqui, porque não cabem. Das duas uma: ou tirava os móveis para ter as revistas ou então não sei...

Qual é a tua preferida? A L'Uomo. Mas gosto também da Vice, da WAD...não dá para ter uma revista só em mente, porque inspiro-me em várias. Ah! E das nacionais gosto muito da Edit, da Zoot...

Quando é que começou esse fascínio pelas revistas? Surgiu quase ao mesmo tempo que a paixão pela moda. A primeira ligação que eu podia ter com a moda, até para aprender, era através das revistas. Lembro-me de pedir à minha mãe para me comprar as 'Vogues' e assim. E eu lia tudo!

Então a paixão pela moda também vem desde cedo. Sim, mas a questão é que eu fui bailarino clássico durante 17 anos. Sempre estive dividido entre a Moda e a Dança. Entretanto decidi mesmo envergar pela Moda.

Dezassete anos é muito tempo! Comecei com quatro anos.

E como conseguiste abandonar a dança? Foi radical. Sentia-me muito dividido entre a Moda e a Dança, mas a vida de bailarino é super agitada e instável, sempre a saltar de um sítio para outro, e senti a necessidade de ter algo mais calmo. Decidi então seguir o instinto que tinha ao nível da estética.

Como arrancou o teu percurso profissional na Moda? Como maquilhador...! Quando estava a estudar Design na escola profissional (em Pombal), fiz um estágio com o Dino Alves e foi aí que tive um contacto real com o mundo da moda nacional. Entretanto, por curiosidade, fiz o curso de maquilhagem com a Antónia Rosa e, quase sem dar por isso, já era maquilhador. A questão é que nunca quis ser maquilhador na vida! Aconteceu. Fiz trabalhos para a ModaLisboa, o Portugal Fashion, etc. Depois, o styling, que é aquilo que me dá mesmo gozo fazer, começou a surgir devagar.

Primeiro maquilhador, depois stylist...e agora também booker? Sim, sou booker na ML Agency, mas surgiu sobretudo por questões financeiras e porque tenho este defeito ou qualidade de querer conhecer todos os lados com que a Moda trabalha. Através deste trabalho na agência, acabo por trabalhar o meu styling, ter uma maior noção do corpo das modelos, vou adquirindo mais conhecimentos.

Voltando ao teu quarto...de todos estes objectos, tens algum que te seja mais especial? Sim, as revistas! O meu quarto baseia-se, de facto, em revistas e livros. No outro dia, os gatos (o Pirata e o Cão) tiveram o azar de entornar água para cima de algumas das minhas revistas e eu estive a secá-las, uma a uma, folha por folha, com o secador.

Que paciência! Este buda enorme que tens atrás da secretária, de onde veio? Foi o meu pai que me trouxe da Tailândia.

Tailândia...que boas recordações! Ainda não fui lá...mas a minha viagem de sonho é mesmo a Índia.


© photography Sara Gomes
© text Carolina Almeida
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