11.11.2011

room service - susana marques pinto.










Susana Marques Pinto viveu em Londres, durante 5 anos. Recém-chegada à capital britânica, foi até Bond Street procurar o que, segura de si, sabia querer fazer – rodear-se de roupa e “brincar” com as suas potencialidades.


A demanda valeu-lhe um lugar na Yves Saint Laurent. E por aí começou. Quando regressou a Portugal, passou pela gerência de duas lojas, a venda de colecções e, mais tarde, passou a dedicar-se ao styling e consultoria de imagem, a sua verdadeira paixão...até encontrar uma outra: leccionar. Esta colaboradora oficial da ModaLisboa coordena os cursos eworkshops da escola de que é co-proprietária, a Pulp Fashion, e confessa que “dar aulas é o que mais gosta de fazer hoje em dia”. De bloco e máquina na mão, fomos até ao seu quarto aprender com que letras se escreve a palavra estilo. E a Hope fez-nos companhia!

Que amor de cão! Pronto, já não vou conseguir largá-la... Pois é! Eu chamo-lhe “boneco de cão”. É a Hope, a minha doçura...é um óptimo cão de guarda. Não para atacar, mas para avisar.

(risos) Bom, vou tentar concentrar-me. Gosto de começar por saber o que é que significa para si o quarto, enquanto divisão? É a única divisão da casa onde eu habito realmente. Estou sempre no quarto, a menos que tenha pessoas em casa. Raramente estou na sala. Entro em casa e vou directamente para o quarto.

A maneira como dispôs este espaço também traduz um pouco essa postura: é muito prático, com um cadeirão e televisão... Sim, faz dele uma pequena sala. Mesmo as refeições, tomo-as muitas vezes lá. A minha vida dentro de casa é praticamente dentro do quarto!

E será que, por isso, sente uma maior necessidade de fazer modificações constantes? Constantemente não, mas faço frequentemente. Curiosamente, estou muito feliz ainda com o meu quarto e julgo que não lhe vou mexer. Mas neste momento estou a precisar de um remodelação total à sala, porque já tenho esta decoração há algum tempo, e depois começo a sentir monotonia, uma rotina, que não acho interessante. Naqueles primeiros dias a seguir às remodelações, gosto de entrar e pensar “uau, tenho uma casa nova!”. Adoro esse impacto! Estou a tomar balanço para ver se tenho coragem - e disponibilidade nos intervalos do trabalho - de fazer uma grande reestruturação.

Que interessante! Seria mais óbvio sentir essa monotonia no quarto, visto que é aí que passa a maior parte do tempo... Sim, mas ele é também o espaço mais cool; não tem as estridências que o resto da casa tem. O quarto é muito soft e contido e precisamente por isso não me sinto minimamente cansada. Gosto tanto dele como está que não lhe mudarei nada nesta nova decoração.

Além da moda, a decoração é, portanto, uma área de que gosta bastante, certo? Sem dúvida! Para mim a parte da educação visual, do gosto, da contemporaneidade, é extensível a todas as áreas. Aliás, até acho estranho alguém que trabalhe nesta área (moda) que possa, por ventura, descurar as outras. Julgo que quando o gosto, o conhecimento e as tendências entram dentro de nós, elas devem ser transversais. Não faz sentido a veia artística de uma pessoa se manifestar numa só área; ela é global.

Em que é que se inspira? Imagino que no seu trabalho, nas revistas e outros inputs visuais com os quais convive no dia-a-dia... A inspiração vem muito do exterior, mas não sou escrava de nenhuma tendência. A inspiração chega-me seja de que maneira for: desde revistas, lojas, viagens....mas depois na concretização, não me inspiro concretamente em nada. Normalmente, a mudança poderá vir da aquisição de uma peça, por exemplo. Neste momento, ela vem de uma vontade de tornar a casa mais cool...cool it down. E eu gosto de mudança!

Voltando ao quarto, o que não dispensa neste espaço? Hum...conforto, conforto e conforto! Ah, e também roupa de cama e roupa de dormir integralmente brancas (assim como os turcos!). Tudo o que está perto do meu corpo tem de ser branco.

Porquê? Alguma razão mais esotérica? Paz! O branco transmite-me paz. Se entro num quarto com muita poluição visual até fico cansada. Não tenho uma explicação...é sensorial.

O que gosta mais no seu quarto? Dos tons. Gira tudo em torno do lilás e do azul/cinza. Gosto desta coloração, é muito tranquila...são tons muito suaves e algo românticos.

Qual foi o maior desafio que o espaço apresentou em termos de interiores? Não me lembro de nada em especial. Mas eu adoraria transformar o outro quarto que tenho em closet. É essa a única falha do meu quarto...

Sim, porque a Susana é uma assumida apaixonada por roupa, certo? Sendo que ela faz parte da sua vida há tanto tempo... Consumo roupa desenfreadamente desde os 16 anos. Mas não vou às compras, compro por impulso, quando estou a trabalhar. E agora também já não compro com a mesma avidez que comprei no passado. Tudo acaba por ser mais filtrado, a selecção é muito mais rígida. Confesso, claro, que ainda gosto de comprar roupas e gosto de me sentir impelida a comprá-las por elas próprias. Como se me chamassem...

© photography Sara Gomes
© text Carolina Almeida
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