Há 4 dias
5.13.2011
room service - cristina gomes.
Maquilhadora há 26 anos, foi a primeira em Portugal a dedicar-se sobretudo ao universo da Moda.
Deu os primeiros passos com José António Tenente, fez o número 0 da Máxima e participou em inúmeras edições da ModaLisboa e do Portugal Fashion. Hoje, divide os dias entre os shootings daVogue Portugal, a coordenação da equipa de maquilhadoras da secção de Informação da RTP, e outros tantos trabalhos que fazem dela uma workaholic apaixonada pela profissão.
Descobrimos que Cristina Gomes adora automóveis, decoração, instalações eléctricas e perfumes. Confidenciou-nos que é raro decidir mudar os ares da casa, mas que quando acontece, é em jeito de vendaval. “Mudo tudo!”, diz. Descobrimos ainda que detesta azul, mas que é nessa tonalidade que tem o quarto. A culpa é da magnífica dúzia de quadros feita especialmente para si.
O que a fascina mais na Moda? O que gosto mais é também o que gosto menos, que é o desafio da mudança constante. Às vezes é cansativo, mas ao fim de uns anos percebemos que as coisas são cíclicas e que quase se adivinha o que se vai passar a seguir. Por outro lado, é o que me mantém viva, que é ter a noção de que não se sabe nada, ou seja, a seguir vem tudo novo. É como se se começasse do zero...
Qual é a sua relação com as cores? A minha relação com as cores vem da minha formação – Arquitectura. Já tinha alguma formação em teoria de cor, que ajuda depois no trabalho de maquilhagem: na composição, nas cores que se complementam, nas cores primárias, nas cores quentes e frias, etc. Não sou uma pessoa exuberante, talvez até por uma questão de protecção, porque estou rodeada de muita moda, muita cor. Mas tenho uma noção muito precisa dos efeitos das cores…na tonalidade do olhos, no tom de pele. Agora, em relação ao meu quarto, a história é completamente diferente.
Ai sim? Porquê? O meu quarto tem uma série de particularidades. Primeira: é muito grande e isso torna-se complicado. Toda aquela noção de acolhedor e simpático perde-se em 50 m2. É difícil tornar um quarto deste tamanho acolhedor. Principalmente quando tem duas paredes de vidro. E segunda: o quarto é azul, que é a cor que eu mais detesto….
Hum...tem de explicar-me essa… Eu não visto azul, não escolho nada azul...é uma cor com a qual não me relaciono bem. Talvez o quarto tenha resultado como uma espécie de exorcismo às minhas aversões ao azul (risos). A história é a seguinte: quando decidi mudar a decoração do quarto, a primeira coisa que fiz foi comprar os doze quadros que estão por cima da cama. Sem os ver. Eu não sabia que eles eram azuis. Quando os vi, confesso que fiquei um pouco chocada. O autor nem sabia que eu detestava azul...e foi uma encomenda para mim! Mais tarde, brincámos com isso. Aqueles quadros são tão fortes que tinham de ser o ponto de partida para tudo. Tive de aceitar uma harmonia com eles e, portanto, o quarto foi feito a partir do azul dos quadros.
Parece-me, então, que a Cristina é uma grande fã da decoração? Sim, gosto muito! Os meus amigos dizem-me sempre que, um dia que esteja cansada da maquilhagem, devia dedicar-me à decoração.
Onde vai buscar inspiração? Compro imensas revistas. De decoração e de automóveis!
Automóveis? Sim, adoro automóveis!
Dessa não estava à espera... já lá vamos, então. Vejo imensas revistas e a verdade é que o mundo é tão heterogéneo que há para todos os gostos. A última vez que mudei a minha casa foi depois de ter estado no Palais Rhoul, em Marraquexe. Apetecia-me algo do género e, para isso, tive ajuda do Miguel Costa Cabral, que é um grande decorador.
Tenho de lhe pedir para falar um pouco da bancada dos perfumes. É divinal! Gosto especialmente de perfumes. Seja pela cor, pelo cheiro ou pela forma dos frascos, que para mim é fascinante. Tenho muito mais perfumes do que os que estão naquela bancada, mas ali estão apenas os mais especiais.
Tem algum favorito? Tenho vários. Ou porque são edições especiais; ou porque têm frascos originais (um Chanel nº5); ou porque são edições em cristal; ou porque já não se fazem. Aquela bancada é a de coleccionador! Ah! E tenho uma caixa de cetim encarnada que guardo religiosamente, não porque tenha um valor material especial, mas porque acho de um sentido de humor extraordinário. É da L'Artisan Perfumeur e chama-se “Sautes d'humeur”. Contém cinco perfumes, cada um relacionado com um tipo de humor: l'humeur massacrante, l'humeur à jalouse, l'humeur à reveuse, l’humeur à rire...e aquele que acho mais engraçado - l'humeur à rien (risos).
Mas a bancada não tem só perfumes...
Não, há também pequenos objectos que são muito importantes, quase todos presentes: escovas de cabelo em prata da avó do Paulo (Macedo), que vieram de Timor; um coração, também em prata, que é um relógio; frascos em prata... também uma caixinha preta, muito pequenina, que foi a Catarina Furtado que me trouxe de uma daquelas viagens do “Príncipes do Nada”; um elefante de cristal (sempre me disseram que os elefantes são sinal de boa sorte)... são coisas muito pessoais. Quase tudo ali são presentes. Presentes especiais!
O que não dispensa no quarto? Tapetes ao lado da cama...e lençóis macios.
Fale-me então dessa paixão por automóveis. Como começou?
Não gosto de conduzir, mas adoro automóveis, desde miúda. Não sei explicar porquê... E não sou fascinada pelos mais antigos, gosto mesmo é dos últimos modelos, com a mais recente tecnologia.
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