Iniciou a sua carreira na área da decoração no atelier de Graça Viterbo, depois de ter recebido formação em pintura nos Estados Unidos da América, de ter passado pelo IADE e pela Sociedade Nacional de Belas Artes e, ainda, pela KLC School of Interior Design, onde estudou Design de Interiores. A decoradora é uma cara conhecida de muitos portugueses, seja por ter participado no programa de televisão "Querido, mudei a casa", seja pelo lançamento do seu primeiro livro "Casa Feliz", no final do ano passado. Feliz é, de facto, um adjetivo que associamos imediatamente a Maria Barros, desde que esteja acompanhado pela palavra "cor". De sorriso no rosto e sentada na indispensável cama em tons de branco, Maria explicou-nos porquê.
O que representa para si o quarto?
Acho que o quarto deve ser o nosso refúgio, o nosso espaço, uma coisa só nossa. Apesar de ser um pouco cliché, é verdade. É o que simboliza a nossa intimidade. Principalmente quando se tem filhos e a casa é muito concorrida, como é o caso. Nós (eu e o meu marido) tentámos sempre preservar este espaço da casa para sentirmos que há um sítio que é só nosso.
O que gosta neste espaço tão seu (vosso)?
Do espaço do closet, de ter as minhas coisas arrumadas. Há pessoas que se queixam de falta de arrumação, eu não tenho esse problema. Acho que essa deve ser a característica do quarto que gosto mais. Também tem uma luz de manhã que é muito bonita...
Há pouco dizia-me que não tem aquele que considera ser o quarto ideal. Como o imagina, então?
O meu quarto ideal teria, para já, de ter vista para o mar. Teria uma cama com um mosquiteiro, com uma ventoinha, um ar tropical, onde se ouvisse o mar... é delicioso estar num quarto onde se ouve o mar! Teria também uma pequena zona de estar, para ler, como nas suites de hotel... Mas enfim, a minha prioridade agora não é essa, no entanto acredito que um dia vou ter um quarto assim!
Eu também acredito! Voltemos agora um pouco atrás no tempo. O que recorda do seu quarto de infância?
Sempre o dividi com a minha irmã e, como sou a mais nova, mandava pouco (risos). Por isso, sempre aprendi a adaptar-me, acho que essa é uma boa característica minha, adapto-me muito bem às situações. Tínhamos o quarto muito bem dividido, mas mais tarde, quando ela foi estudar para o Porto, acabei por ficar com o quarto só para mim. Nessa altura, comecei eu a mandar! Logo que pude, redecorei o quarto todo...sempre adorei ter as minhas coisas bem arrumadinhas.
A paixão pela decoração, vem, então, desde muito nova...
...sim, completamente. Adorava brincar às bonecas, por causa das casas delas. E organizava tudo lá em casa: as gavetas da sala, da cozinha....a minha mãe deixava-me e eu adorava. Na altura não percebia, obviamente, que se tratava dessa paixão em particular, mas vendo em retrospectiva, já havia ali uma tendência para gostar de tudo o que era relacionado com casas em geral.
Faz redecorações frequentes no quarto?
Não, não sou muito de mudar. É bom ter um quarto branco e ir jogando mais com as cores em pequenos pormenores. Gosto de lençóis brancos, a capa de edredon também é sempre branca, mas depois coloco umas fronhas diferentes, para dar um toque de cor.
Neste caso, optou pelo azul... azul... como lhe chamarei?
É um azul semi-Tiffany, também tem um ar meio tropical. E como eu ando sempre a sonhar que não vivo aqui, mas noutro sítio qualquer, acho que deve ter sido isso que me passou pela cabeça quando escolhi a cor (risos).
A cor... este é um elemento muito importante para si e que é marcante no seu trabalho enquanto decoradora. Pode falar-me da sua relação com a cor? Terá ligação à paixão pelos ares tropicais?
Sim, também, mas não só! O ano passado fui pela primeira vez a Marrocos e fiquei fascinada. Aquilo de tropical não tem nada! Se formos para um país nórdico, as cores morrem, porque o sol não brilha da mesma maneira. Por exemplo, o que é que faz do Rio de Janeiro, aquilo que ele é? É o contraste entre o azul, o verde dos morros, das frutas... isso tudo fascina-me! De certeza que se eu estiver em Copenhaga, o estímulo das cores vai ser diferente...Eu sou atraída pela cor. Cada pessoa é estimulada de forma diferente e eu acho que a vida tem muito mais graça com cores!
E tem a sua favorita?
Gosto muito de cor-de-rosa, mas acho que não tenho uma cor favorita. O rosa é mesmo feminino e simboliza um pouco aquilo que sou, identifico-me. Só que a verdade é que talvez conseguisse viver bem sem o rosa, mas já não era capaz de viver sem o azul ou o verde, ou o amarelo - os tons da natureza, porque acho que são cores mais importantes para nós.
Além das cores, onde vai buscar inspiração para os seus trabalhos?
Em muitos sítios, sendo que o mais importante para me inspirar é estar descontraída. Quando estou de férias, por exemplo, numa noite vou ao cinema e desligo da realidade... tudo o que fazemos que saia da rotina,ajuda a inspirar a criatividade.
Quais os decoradores que tem como referência?
Sou uma grande fã de um decorador que já não está vivo e que criou um estilo próprio - David Hicks. Em Portugal, como comecei a trabalhar com a Graça Viterbo, ela será sempre uma referência para mim. E há também uma decoradora de interiores norte-americana que admiro imenso, chama-se Kelly Wearstler. É muito talentosa e tem muita pinta!
A Maria lançou recentemente um livro onde dá alguns conselhos de decoração de interiores. Invertendo um pouco os papéis, pergunto-lhe: qual foi o melhor conselho que alguma vez lhe deram?
Hum.... deixe-me pensar... quem me deu o melhor conselho foi a psicóloga Carla Albano, que foi quem apresentou o meu livro. Ela foi uma pessoa muito importante na minha vida e aconselhou-me a acreditar na minha intuição. Apesar das coisas maravilhosas que me têm acontecido, tinha muita falta de confiança em mim mesma e ela ensinou-me que eu deveria confiar mais na minha intuição. Sim, definitivamente este foi o melhor conselho que recebi até hoje...
© photography Sara Gomes
© text Carolina Almeida
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Adorei o bloquinho com o lápis!
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